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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ordenação diaconal de Maciel - Um conto

Era uma vez um menino...

sua vida soava-lhe nova, irradiante e feliz sempre. É claro, sua mãe tudo fazia para que isso fosse possível. O mesmo fez para todos os membros de sua família. Embora os tempos difíceis pudessem arrancar lágrimas de sofrimento e preocupações perfurantes, a “chefe” da família transformava o “cinza” da incerteza em “verde” de esperança e em “azul” de alegria. Foi assim que o menino cresceu e nesse ambiente deu seus primeiros passos!
Descobriu que podia correr. E a corrida tornou-se sua vida! Ele gostava de correr... sempre mais... cada vez mais rápido... não para chegar sozinho, mas para alcançar tantos amigos que também estavam correndo.

Um certo dia, um homem de cabelos grisalhos observara o menino em meio a outros que estavam correndo. O seu olhar se fixou nele. Não chamou atenção sua destreza, como tampouco seu porte atlético, e muito menos por ser o mais veloz. O “olheiro” idoso enganou a todos. Escolheu o mais franzino, o mais desengonçado, o menos inexperiente, o menos forte.

- Quer correr no meu time? Perguntou o velhinho com olhos penetrantes.

- Claro! Respondeu prontamente o menino. E continuou: - Quando começo?

- Agora mesmo! Há uma corrida aqui perto e lá você correrá.

E assim o menino fez...

Ele correu, correu, correu... mas, não ganhou. O menino ficou desapontado consigo mesmo: - Por que não ganhei? O que fiz para não ganhar? O velho nada respondeu. Disse apenas para voltar a correr. E o menino obedeceu. Encheu-se de ânimo e voltou a correr. E correu, correu e correu...

Novamente, o menino não ganhou! O que há de errado comigo? Por que não cheguei lá? Por que esse velho me chamou? Não será melhor andar como a maioria das pessoas? É mais tranqüilo, seguro e normal. Assim, não voltarei a decepcionar a mim e aos que me vêem.

Nesse dia, o menino voltou para casa... andando.

Seus olhos já não mais vislumbravam os horizontes sempre virgens que a corrida renovava constantemente. Isso sim, mirava as coisas e objetos cotidianos, estáticos, de uma vida normal. E assim, ele começou a refazer seus dias.

No cotidiano normal que decidira, tudo fazia, mas sem a jovialidade de outrora. É certo que realiza bem suas tarefas, mas não era o fruto de sua alma.

Em meio as suas atividades, o menino percebia que o velho sempre o observava com olhos fixos e convidativos para retornar ao time. Isso era atrativo, entretanto, como voltar depois de tantas derrotas? A família já estava acostumada a sua presença. Já tinha até planos para viver sua vida normal. Seguiu então para dentro da casa, andando e voltou ao trabalho ...

Essa noite para o menino foi diferente das outras. Como num filme, repassou toda a sua vida na mente... as paisagens contempladas, as pessoas conhecidas na corrida, os primeiros passos, a velocidade de antes... Essa noite, para ele, parece que durou 30 anos.

Como de costume levantou cedo. Ainda atordoado com a noite que passou, encontrou conforto numa cadeira que estava de frente para a janela. Sentado, tendo nas mãos uma caneca de café e uma enxada, olhava para o horizonte sendo banhado aos poucos pelos primeiros raios do sol. Essa visão lhe banhou o coração que lhe conferiu um tímido ânimo. Mas ao perceber que suas mãos estavam ocupadas, recordara onde seus pés estavam e logo decidira fechar os olhos. Já pensando em fechar a janela, O horizonte encheu-se de claridade como nunca havia visto. A luz iluminou toda a casa e irradiou o coração do menino que lhe fez despertar do sono prolongado que a última “queda” lhe causara. O ânimo, a coragem e a velocidade voltaram... deixou a enxada e o café e, como num salto, passou pela janela e saiu correndo em direção ao horizonte numa velocidade nunca antes atingida. Já não corria, VOAVA, pois aquele horizonte intacto era o objeto de seu amor.

Ao se aproximar do cume da montanha, para sua surpresa, encontrou o velho olheiro que disse ao menino:

- Eu estava lhe esperando! Você correu como nunca, heim?

- Sim, mas... como sabia que eu viria para cá? Perguntou o menino confundido.

- Caro menino. Sua vida era correr! Correr era o ar de seus pulmões, a luz dos seus sonhos e os batimentos do seu coração. Eu sabia que, cedo ou tarde, você iria recuperar tudo.
E estou aqui para lhe dizer que agora, você não vai mais correr! Não! Agora, você vai voar.

E aqui começa sua verdadeira corrida!

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