A graça de Deus nos oferece um
novo ano litúrgico e, com ele, nova oportunidade para colocarmos nossa vida de
acordo com a mensagem cristã haurida da Sagrada Escritura.
A primeira leitura nos relata uma
situação muito difícil na vida do Povo de Israel: ele vive um momento de
exílio. Suas cidades foram destruídas, sua população assassinada, inclusive
suas crianças, e os que restaram foram feitos escravos. Nessa situação de
extrema dor e total carência, os que sobraram dirigem seus olhares para o
Senhor, chamando-o de Pai, de Redentor, para que se manifeste e mantenha suas
promessas de proteção e amparo.
Deus não se manifesta e
aparentemente não mantém as promessas feitas anteriormente. Essa ocasião
propicia ao povo um exame de consciência que os leva à conclusão de que foram
eles, com suas más ações, que romperam a aliança.
Por outro lado, esse exame
mostrou a todos a própria incapacidade de serem fiéis e até a fragilidade de
seus atos religiosos.
Nesse momento o povo chegou ao
grau máximo de lucidez e percebeu que somente Deus poderia salvá-lo, redimi-lo.
Nesse exato momento, de profunda humildade, ele foi salvo.
O Evangelho nos fala em vigiar e
vigiar sempre. Quando alguém vigia é porque deseja não ser surpreendido. Quando
a enfermeira fica de plantão vigiando um doente em estado grave, ela está
atenta para impedir que o quadro da saúde piore; quando um policial permanece
de plantão ao lado de um banco, seu intuito é evitar a ação de um ladrão.
E para Jesus, o que significa
para ele vigiar? Para Jesus significa um constante estado de alerta à espera da
chegada do mundo novo, ou melhor, do homem novo, dele mesmo, Jesus Cristo, o
Messias, o Redentor.Essa vigília significa não dormir no pecado, mas estar
acordado pela fé, pela esperança, praticando aquilo que é justiça, que é amor.
Somente aqueles que estão
antenados na chegada do Redentor é que irão conhecer o momento e poderão abrir
seus corações ao Salvador, como aconteceu em sua primeira vinda.
As pessoas estavam tão voltadas
para si mesmas, que não tiveram sensibilidade para perceber a necessidade de
uma grávida prestes a dar à luz, e simplesmente se fecharam no seu conforto,
mesmo miserável; também aquelas pessoas que não foram lúcidas para distinguir
entre um benfeitor que curava, alimentava, perdoava, reconciliava e um bandido,
ladrão e assassino, pediram a libertação deste e a crucifixão do outro.
Estejamos acordados, lúcidos para
podermos acolher o nosso Salvador. Como os israelitas da primeira leitura,
sejamos humildes e abertos ao Redentor. Reconheçamos nossos limites e digamos
“Vem Senhor Jesus, Vem”!
Com a frase que encerra o trecho
da carta de Paulo da liturgia de hoje, encerramos nossa reflexão:” Deus é fiel;
por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso”.
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