A primeira leitura nos
fala da preservação da vida, que se dá através do cumprimento da Lei de Deus.
Mas a grande novidade do Decálogo foi o modo como os mandamentos foram
apresentados. Nos outros povos, a lei era dada de forma impessoal. Em Israel
Deus se apresenta próximo e diz ‘TU”. Por outro lado, os mandamentos não devem
se encarados como proibições, mas como indicações para o caminho certo para a
vida.
Se prestarmos atenção,
perceberemos que todo o eixo da lei de Deus está em “não matar”. O verdadeiro
crente é aquele que defende e promove a vida. Sabemos também que o Decálogo não
esgota a Lei de Deus, mas somente o Amor é a plenitude da Lei. São Paulo disse
que “Quem ama o irmão cumpriu toda a Lei”.
No Evangelho o doce e
manso Jesus, estarrecido, se transformou e se tornou um homem impetuoso,
intrépido e bravo, usando cordas como chicote, expulsando do Templo os
vendedores de ovelhas, pombas, bois e os que faziam o câmbio.
O Senhor disse,
naquele momento, que não concordava com um culto onde se mesclava religião e
interesses econômicos. Ele abole não apenas os sacrifícios do Templo, mas o
próprio Templo.
Em seguida, Jesus
falou do novo Templo e do novo culto. Se antes as pessoas iam ao Templo de
Jerusalém para celebrar a Páscoa, agora elas a celebrarão através de seu corpo
morto e ressuscitado, que é, ao mesmo tempo, Templo, altar, vítima e sacerdote.
Os sacrifícios que
agradam a Deus são as obras de amor, de caridade, como vimos no comentário da
primeira leitura. O incenso que agrada a Deus é o perdão, o socorro ao pobre, a
visita ao doente e ao prisioneiro, a vida fraterna. Esses atos são a
complementação do Decálogo, da Lei.
Finalmente, na Carta
aos Coríntios, São Paulo nos fala de dois grupos de crentes: aqueles que
baseiam sua fé nos milagres, curas, ações fantásticas; o outro grupo, ao
contrário, é mais racionalista, mais ponderado, fruto de uma religião
sapiencial. Mas qual seria o posicionamento cristão? Uma religião que prioriza
curas ou uma religião que destaca a sabedoria. Nem uma coisa e nem outra. O
posicionamento cristão é, como diz o próprio nome, seguir Jesus Cristo,
imitá-lo em seu relacionamento com o Pai e com os irmãos: Jesus foi total
doação através da cruz. Ora, Jesus foge do comum, do humano, de naturalmente
pensar em si e em sua própria realização. Ele pensa no Pai, ele pensa no outro,
pensa em nós. Pensar no outro significa sacrificar-se pelo outro, esvaziar-se,
entregar-se por amor, e isso só se consegue com a graça de Deus.
Queridos irmãos, a
liturgia de hoje nos propõe uma limpeza em nossos atos religiosos. Eles devem
estar purificados de qualquer interesse, a não ser o de amar e de amar até
morrer. Morrer de amor!
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