Bento XVI recebeu na Sala Paulo VI, no Vaticano, nesta Quarta-Feira de Cinzas, início da Quaresma, milhares de fiéis e peregrinos para a habitual Audiência Geral.
O Papa frisou, na catequese de hoje, que com "a imposição das cinzas iniciamos o Tempo da Quaresma, autêntico itinerário espiritual que nos prepara para celebrar o mistério pascal de Cristo".
"As leituras da Quaresma deste ano são uma esplêndida catequese que nos ajudam a redescobrir a graça do Batismo. Elas nos convidam a renovar a nossa fidelidade a Deus e abandonar as nossas seguranças humanas para nos confiar completamente no Senhor" – disse ainda Bento XVI.
"As cinzas nos convidam à penitência e à conversão. Através do Batismo, passamos das trevas à luz de Cristo, tornando-nos filhos de Deus, chamados a viver do Espírito do Ressuscitado. Segundo a tradição da Igreja, a Quaresma é também caracterizada pelo jejum, a caridade e a oração" – frisou o Santo Padre.
O Papa ressaltou que as "privações são os sinais externos de nossa rejeição ao mal e de nossa fome da Palavra de Deus, e que a caridade santifica o jejum. O jejum e a caridade são como as duas asas da oração".
Bento XVI convidou todos os fiéis a seguirem Cristo, que renova constantemente o nosso compromisso batismal. "Que também nós possamos nos dedicar intensamente à oração e à meditação da Palavra de Deus! Abandonando o homem velho que está em nós, poderemos celebrar com dignidade a Ressurreição do Senhor" – disse ainda o pontífice.
A seguir, o Papa fez um resumo, em português, de sua catequese, saudou os fiéis lusófonos presentes na audiência e concedeu a todos a sua bênção apostólica.
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje está prevista, na celebração da Eucaristia, o rito da imposição das cinzas. Trata-se de um sinal que nos recorda a nossa condição de criaturas e nos convida à penitência e à conversão, para nos configurarmos cada vez mais com Cristo. A Igreja sabe que, à nossa fragilidade humana, custa fazer silêncio e parar diante de Deus, tomando consciência da nossa condição de criaturas que dependem d’Ele e necessitam do seu perdão. Por isso, na Quaresma, a Igreja convida a uma oração mais fiel e intensa e à meditação mais demorada da palavra de Deus. As leituras, que ouviremos na Missa dos próximos domingos e às quais vos convido a prestar especial atenção, propõem-nos o itinerário batismal que, na tradição antiga, percorriam os catecúmenos – aqueles que se preparavam para o Batismo. Meditando-as, queremos reavivar em nós o dom, as exigências e os compromissos deste sacramento, que está na base da nossa vida cristã, a vida de ressuscitados com Cristo.
Saúdo cordialmente os fiéis das paróquias de Calhariz do Benfica e Brandoa no Patriarcado de Lisboa, os professores e alunos das comunidades escolares das dioceses de Coimbra e do Porto e ainda o grupo de peregrinos, médicos e professores, de Guimarães. A vós e a todos os presentes de língua portuguesa desejo um caminho quaresmal abençoado, que vos permita encontrar, acolher e seguir mais de perto Jesus; e assim poderdes dizer, com São Paulo, «já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim». Obrigado pela vossa presença. Ide com Deus.
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