Após 28 anos de espera, o povo da Grã-Bretanha recebeu, mais uma vez, a visita de um Papa. O último a visitar as ilhas foi o papa João Paulo II, em 1982. O papa Bento XVI ficou três dias na região, de 16 a 19, onde visitou a Escócia e Inglaterra. Na à Escócia, o Santo Padre presidiu uma missa no Bellahouston Park, em Glasgow. O Pontífice Iniciou sua homilia, saudando os presentes com as seguintes palavras do Evangelho “Está perto de vocês o Reino de Deus” (Lc 10,9).
Em seguida, Bento XVI relembrou a visita de João Paulo II ao país, dizendo: “É com emoção que me dirijo a vocês, perto do local onde o meu amado predecessor, João Paulo II, cerca de 28 anos atrás, celebrou com vocês a santa missa, acolhido pela maior multidão jamais reunida na Escócia. Noto, com grande satisfação que a exortação de João Paulo II a vocês, de caminhar de mãos dadas com seus irmãos cristãos, tenha levado a uma maior confiança e amizade entre os membros da Igreja na Escócia, da Igreja Episcopal Escocesa e das outras comunidades cristãs”.Já na Inglaterra, Bento XVI foi recebido pelos presidentes das Câmaras dos Lordes e dos Comuns, por quem foi acompanhado ao local de onde fez seu discurso à sociedade civil, na Westminster Hall. “Ao dirigir-me a vocês tenho consciência do privilégio que me é concedido de falar ao povo britânico e a seus representantes na Westminster Hall, um edifício que tem um significado único na história civil e política dos habitantes destas ilhas. Manifesto minhas estimas pelo Parlamento, que há séculos tem sede neste lugar e que exerceu no mundo uma tão profunda influência no desenvolvimento de formas de governo participativas, especialmente na Commonwealth (Comunidade de nações britânicas) e mais em geral nos países de língua inglesa”.
O Santo Padre falou sobre política, história e parlamentarismo, sugerindo que “o mundo da razão e o mundo da fé precisam um do outro e não deveriam ter temor de entrar num profundo e contínuo diálogo, para o bem da nossa civilização”.
Na sequência do discurso à sociedade civil, o papa Bento XVI seguiu para a Abadia de Westminster, onde celebrou a oração das vésperas juntamente com o arcebispo de Cantuária, Doutor Rowan Williams.
O arcebispo da Cantuária dedicou grande parte do seu discurso ao papa São Gregório. “Cristãos da Bretanha, olhem para o ano de 597 com a mais fervorosa gratidão, quando Santo Agostinho chegou a essas terras para pregar o Evangelho aos anglossaxões a pedido do papa São Gregório ‘o Grande’. Para cristãos de todas as tradições e confissões, São Gregório representa uma autoridade espiritual completa: pastor e líder, erudito e guia espiritual”.
O arcebispo ainda lembrou que “os cristãos têm diversos pontos de vista sobre a natureza da vocação que pertence à Sé Apostólica de Roma. Ainda assim, como João Paulo II nos lembrou na sua encíclica Ut Unum Sint, devemos aprender a pensar juntos sobre como o ministério da Igreja Romana e o seu pastor supremo podem falar aos católicos da autoridade de Cristo e seus apóstolos para seremos um só corpo no amor de Cristo”.
No 18, Bento XVI reuniu-se com os líderes de confissões cristãs e das religiões majoritariamente representadas no Reino Unido: judeus, muçulmanos, hinduístas, sikhs, e outros. Na reunião, Bento VXI ressaltou o quanto a Igreja Católica está feliz com o testemunho espiritual oferecido pelos seus interlocutores. Segundo as palavras do Santo Padre, “é o testemunho comum de uma busca do sagrado com o objetivo de responder à questão última, que é aquela do sentido da existência humana, pois a ciência, apesar de toda a sua contribuição, não pode responder a essa questão”.
Beatificação
No último dia de visita apostólica ao Reino Unido, o papa Bento XVI celebrou uma missa, no Cofton Park de Birmingham, na Inglaterra, a missa de beatificação do cardeal John Henry Newman.
O Santo Padre agradeceu as pessoas que trabalharam durante muitos anos na promoção da causa do cardeal Newman, inclusive os padres do Oratório de Birmingham e os membros da família espiritual "Das Werk". Em seguida, o pontífice acrescentou: "a Inglaterra tem uma grande tradição de Santos Mártires, cujo corajoso testemunho ajudou e inspirou a comunidade católica local durante séculos. Todavia é justo e conveniente que reconheçamos hoje a santidade de um confessor, um filho desta nação que, mesmo sem derramar seu sangue pelo Senhor, deu testemunho eloquente durante uma longa vida dedicada ao ministério sacerdotal, especialmente à pregação, ao ensinamento e aos escritos”.
O Papa sublinhou que o lema do cardeal Newman, "Cor ad cor loquitur", que significa “o coração fala ao coração", nos faz entrar em sua compreensão da vida cristã, como chamado à santidade, experimentada como o intenso desejo do coração humano de entrar em íntima comunhão com o coração de Deus. "Não é de se admirar que quando o cardeal Newman faleceu, milhares de pessoas ficaram em fila pelas ruas da cidade enquanto o seu corpo era levado para a sepultura a menos de um quilômetro daqui. Cento e vinte anos depois, uma grande multidão se reúne novamente aqui para alegrar-se com o solene reconhecimento por parte da Igreja da excepcional santidade deste amado pai de almas", concluiu Bento XVI.
Fonte: Rádio Vaticano
Fotos: Thompson/AP
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